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Index - “é a economia, estúpido”

Um por cento dos adultos possui 51% da riqueza mundial; 10% possuem 89% e os 50% de baixo possuem apenas 1% - 24.11.2016

62 multimilionários já têm mais riqueza do que metade da população mundial - 18.01.2016

Milionários portugueses acumulam nos seus cofres mais de 561 mil milhões de euros - 14.10.2015

Os ricos cada vez mais ricos - 12.05.2015

1% da população portuguesa detém 21,3% de toda a riqueza do país - 27.04.2015

A venenosa acumulação do dinheiro - 20.01.2015

O 1% mais rico terá mais riqueza que os 99% em 2016 - 19.01.2015

Aumenta o número de bilionários no mundo - 26.09.2014

Causas e consequências de um país ter super-ricos - 13.03.2014

Ex-jurista do Banco Mundial revela como a elite domina o mundo - 11.03.2014

Metade da riqueza mundial é controlada por apenas 1% da população - 20.01.2014

2013, Um ano faustoso para o 1 % mais rico - 12.01.2014

Ricos cada vez mais ricos: Bilionários mundiais com 524 mil milhões a mais em 2013 - 02.01.2014

Crise? Número de ultramilionários portugueses aumenta - 07.11.2013

Isabel dos Santos é a primeira bilionária africana - 23.01.2013

Dívida pública dos EUA chega aos 16 biliões de dólares - 30.08.2012

O homem que controla US$ 3,4 trilhões - 03.03.2011

Dono da Zara recebe 440 milhões em dividendos - 18.03.2010


Um por cento dos adultos possui 51% da riqueza mundial; 10% possuem 89% e os 50% de baixo possuem apenas 1%

por Michael Roberts

Resistir.info - 24/11/2016

http://resistir.info/crise/credit_suisse_2016.html

Um por cento dos adultos do mundo possui 51% de toda a riqueza mundial, ao passo que a metade dos adultos da base possui apenas 1%. Na verdade, os 10% dos adultos do topo possuem 89% de toda a riqueza mundial! Este é o novo número obtido para 2016 pelo relatório anual sobre a riqueza global do Credit Suisse. A cada ano o Credit Suisse apresenta este relatório, assinado pelo Professor Tony Shorrocks, James Davies e Rodrigo Lluberas, os quais costumavam fazê-lo para a ONU. Informo sobre os resultados todos os anos e habitualmente este é um dos artigos mais populares que escrevo.

Da última vez que discuti os resultados do Credit Suisse, os 1% do topo tinham 48% da riqueza mundial. Assim, no último ano e meio, a desigualdade mundial aumentou outra vez. As fatias dos 1% e 10% do topo quanto à riqueza mundial caíram entre 2000 e 2007. Exemplo: a fatia do percentil do topo declinou de 50% para 46%. Contudo, esta tendência foi revertida após a crise financeira e as fatias do topo retornaram aos níveis observados no princípio do século.

Os investigadores do Credit Suisse consideram que estas mudanças reflectem principalmente a importância relativa dos activos financeiros na carteira familiar, os quais subiram de valor desde 2008 e elevaram a riqueza de muitos dos países mais ricos, e das pessoas mais ricas, por todo o mundo. Embora a fatia dos activos financeiros caísse este ano, as fatias dos grupos de riqueza do topo continuaram a subir. No outro extremo da pirâmide global da riqueza, a metade debaixo dos adultos possuía colectivamente menos de 1% da riqueza total.

A razão principal para esta enorme desigualdade é que há muita gente pobre (em riqueza) no mundo. Percebe-se: não é preciso muito para ficar entre os 1% de topo dos possuidores de riqueza. Uma vez subtraídas as dívidas, uma pessoa precisa apenas de US$3.650 para ficar na metade mais rica dos cidadãos do mundo. Contudo, são precisos cerca de US$77.000 para ser membro dos 10% do topo da riqueza global e US$798.000 para pertencer aos 1% do topo. Assim, se possui uma casa em qualquer grande cidade no Norte rico e sem hipoteca, já faz parte dos 1% do topo. Sente-se rico assim? Isto apenas mostra quão pobre é a vasta maioria das pessoas do mundo: sem propriedade, sem dinheiro e certamente sem acções e títulos!

A investigação mostra que 3,5 mil milhões de indivíduos – 73% de todos os adultos do mundo – têm uma riqueza inferior a US$10.000 em 2016. Além disso, 900 milhões de adultos (19% da população global) está no intervalo dos US$10.000 – US$100.000. Os pobres em riqueza estão concentrados na Índia, na África e nos países asiáticos mais pobres, com 73% destes na base dos possuidores de riqueza. Mas também há número significativo de pessoas que são ricas pobres pelos padrões globais na América do Norte e na Europa, com 9% de norte-americanos, a maior parte com valor líquido negativo, no quintil de base global e 34% de europeus na metade de base global. Estas pessoas não só não têm riqueza como estão em dívida.

E quem se safa melhor? Bem, não são os indianos. A Índia tem apenas 3,1% das pessoas da "classe média" global (riqueza de US$10k-US$100k) e esta fatia pouco mudou. Em contraste, a China representa um enorme 33% das pessoas de riqueza média, dez vezes o da Índia – e esta proporção duplicou desde 2000. Isto mostra que a expansão económica sem precedentes da China retirou centenas de milhões à pobreza, ainda que a desigualdade de riqueza tenha ascendido.

Na verdade, o número de milionários, o qual caíra em 2008, manifestou uma rápida recuperação após a crise financeira e é agora mais do que o dobro do seu número de 2000. Há agora 32,9 milhões de milionários globalmente, isto é, adultos com mais de US$1 milhão em propriedade ou poupanças líquidas de dívida. Na verdade, há apenas 140.000 pessoas no mundo todo que têm mais do que US$50 milhões em riqueza. E há agora mais de 2000 bilionários – estas são as pessoas que realmente possuem o mundo.

Assumindo que não haja mudança na desigualdade de riqueza global, espera-se que surjam outros 945 bilionários nos próximos cinco anos, elevando o número total dos que possuem mais de mil milhões para aproximadamente 3.000. Mais de 300 dos novos bilionários serão da América do Norte. Prevê-se que a China acrescente mais bilionários do que toda a Europa em conjunto, elevando o total da China acima dos 420.

O Credit Suisse estima que a riqueza total global seja agora de US$334 milhões de milhões (trillion), ou cerca de quatro vezes o PIB anual do mundo. Após a viragem do século, houve a princípio uma ascensão rápida na riqueza global, com o crescimento mais rápido na China, Índia e outras economias emergentes, a qual representou 25% do aumento em riqueza, embora eles possuíssem apenas 12% da riqueza mundial no ano 2000. A riqueza mundial declinou em 2008, tem tendido vagarosamente a subir desde então, a uma taxa significativamente mais baixa do que antes da crise financeira. De facto, desde 2010 a riqueza caiu em termos de dólar em todas as regiões além da América do Norte, Ásia-Pacífico e China. Numa base por adulto, a riqueza quase não cresceu de todo e a riqueza mediana caiu a cada ano desde 2010. O adulto médio está a ficar mais pobre.

Nos últimos 12 meses, a riqueza mundial subiu 1,4% e mal acompanhou o ritmo do crescimento populacional. Em consequência, em 201, a riqueza média por adulto ficou inalterada pela primeira vez desde 2008, em aproximadamente 52.800 dólares. Assim, a população mundial como um todo não ficou mais rica no último ano e meio, ao passo que a desigualdade cresceu.

Mais sobre desigualdade de riqueza e rendimento e o seu significado no meu Essays on Inequality.

O original encontra-se em thenextrecession.wordpress.com/...

http://resistir.info/crise/credit_suisse_2016.html


62 multimilionários já têm mais riqueza do que metade da população mundial

“Não podemos continuar a permitir que centenas de milhões de pessoas passem fome enquanto os recursos que poderiam ser usados para os ajudar são sugados por aqueles no topo”, afirma a diretora da ONG Oxfam, a propósito do relatório que frisa estar a acelerar o aumento das desigualdades a nível mundial

Alexandre Costa

Expresso - 18.01.2016 às 11h42

http://expresso.sapo.pt/economia/2016-01-18-62-multimilionarios-ja-tem-mais-riqueza-do-que-metade-da-populacao-mundial

As desigualdades não têm parado de se acentuar e os mais abastados (1% da população mundial) já possuem mais riqueza do que os restantes 99%, um cenário para o qual têm contribuído os paraísos fiscais, segundo indica o relatório da organização não-governamental (ONG) Oxfam, apresentado esta segunda-feira, dois dias antes do arranque de mais um Fórum Económico Mundial em Davos, Suíça.

Os 62 mais ricos já detêm tanta riqueza como 3,5 mil milhões de pessoas, metade da população mundial. Ao longo dos últimos cinco anos, o nível de aumento da riqueza dos que estão no topo teve correspondência com o nível de empobrecimento dos que estão na metade inferior da escala. A riqueza desses 62 multimilionários aumentou 44% desde 2010, enquanto relativamente aos 3,5 mil milhões de mais pobres desceu 41%.

“A preocupação dos líderes mundiais sobre a escalada da crise das desigualdades ainda não se traduziu até agora em medidas concretas – o mundo tornou-se um sítio muito mais desigual e essa tendência tem estado a acelerar”, refere Winnie Byanima, diretora da Oxfam.

Nos últimos doze meses, o fosso entre os mais ricos e o resto da população aumentou “de forma dramática”, indica relatório da ONG.

Metade dos super-ricos estão nos Estados Unidos

“Nós não podemos continuar a permitir que centenas de milhões de pessoas passem fome enquanto os recursos que poderiam ser usados para os ajudar são sugados por aqueles no topo”, acrescenta Byanima.

Cerca de metade dos 62 super-ricos são dos Estados Unidos, 17 da Europa, e os restantes da China, Brasil, México, Japão e Arábia Saudita.

Cerca de 7 biliões de euros da riqueza de particulares encontra-se em paraísos fiscais e caso fossem taxados fora dessas offshores gerariam mais 174 mil milhões de receitas fiscais anuais, estima Gabriel Zucman, professor assistente da Universidade da Califórnia, Berkeley.

Cerca de 30% de toda a riqueza financeira de África encontra-se em paraísos fiscais, levando a perda anual 13 mil milhões de receitas fiscais, indica a Oxfam, com base nos estudos de Zucman. Dinheiro suficiente para pagar os cuidados de saúde que poderiam salvar anualmente as vidas de quatro milhões de crianças e para pagar a professores que dariam aulas a todas as crianças do continente, indicam ainda as estimativas apresentadas relatório.

Offshores permitem desviar dinheiro de que as sociedades precisam para funcionar

“As multinacionais e elites abastadas estão a jogar com regras diferentes de todos os outros, recusando-se a pagar os impostos que a sociedade precisa para funcionar. O facto de 188 das 201 maiores empresas terem presença em pelo menos um paraíso fiscal mostra que é tempo de agir”, salienta Byanima.

às desigualdades, o relatório indica ainda que a maioria dos trabalhadores mais mal remunerados em todo o mundo são mulheres.

Por outro lado, como tendência positiva, os dados mostram que o número de pessoas a viver em extrema pobreza diminuiu em 650 milhões desde 1991, apesar da população mundial ter aumentando 2000 milhões nesse período.

Para essa mudança contribuiu em larga escala o crescimento económico da China.

http://expresso.sapo.pt/economia/2016-01-18-62-multimilionarios-ja-tem-mais-riqueza-do-que-metade-da-populacao-mundial

Milionários portugueses acumulam nos seus cofres mais de 561 mil milhões de euros

Relatório do Credit Suisse assinala que em Portugal existem 51 mil pessoas com um património de pelo menos um milhão de dólares. A nível mundial, menos de 1% da população controla cerca de 45% da riqueza.

Esquerda.net - 14/10/2015

http://www.esquerda.net/artigo/milionarios-portugueses-acumulam-nos-seus-cofres-mais-de-561-mil-milhoes-de-euros/39131

Segundo é assinalado no relatório da riqueza “Global Wealth Report”, publicado esta terça-feira pelo Credit Suisse, Portugal conta com 51.000 pessoas com um património de pelo menos um milhão de dólares, menos do que as 76.000 registadas em 2014, contudo, esta variação é essencialmente justificada pela valorização do dólar, que se traduziu na desvalorização das fortunas fora dos Estados Unidos.

No total, atualmente, os milionários nacionais detêm mais de 561 mil milhões de euros de riqueza pessoal.

Conforme refere o Dinheiro Vivo, existem, em Portugal, 45.910 milionários no escalão de um a cinco milhões de dólares (880 mil euros a 4,4 milhões de euros); no escalão de cinco a 10 milhões de dólares (4,4 milhões de euros a 8,8 milhões de euros) contam-se 3.315 portugueses; são 1.616 os milionários a amealhar fortunas entre 10 e 50 milhões de dólares (8,8 a 44 milhões de euros); no escalão entre 50 e 100 milhões de dólares (44 a 88 milhões de euros) existem 121 milionários; 65 pessoas possuem riqueza entre 100 e 500 milhões de dólares (88 a 440 milhões de euros); apenas cinco pessoas acumulam nos seus cofres 500 milhões a mil milhões de dólares (440 a 880 milhões de euros); e, no último escalão, com mais de 880 milhões de euros, surgem apenas três milionários.

Menos de 1% da população mundial, controla cerca de 45% da riqueza mundial

A nível mundial, existem cerca de 33,7 milhões de pessoas com um património superior a um milhão de dólares (900 mil euros). Este grupo, que representa menos de 1% da população mundial, controla cerca de 45% da riqueza mundial.

Em 2015 foram contabilizados ainda 123.800 super-milionários, com riquezas a ultrapassar os 50 milhões de dólares (cerca de 44 milhões de euros). Destes, 45 mil amealham mais de 100 milhões de dólares.

Face à valorização do dólar, que determinou a quebra do número de milionários a nível mundial - menos um milhão do que em 2014 - os EUA contam com cerca de metade de todos os milionários do mundo, tendo o número de milionários nos Estados Unidos subido um milhão e meio este ano.

Na China, apesar dos recentes episódios de turbulência na bolsa, o número de milionários aumentou para 1,3 milhões. Também a Arábia Saudita viu a riqueza no país subir, não parecendo ter sido muito afetada pela desvalorização do petróleo.

As maiores perdas foram registadas na Ucrânia e na Rússia, seguidas pelo Brasil.

http://www.esquerda.net/artigo/milionarios-portugueses-acumulam-nos-seus-cofres-mais-de-561-mil-milhoes-de-euros/39131

Os ricos cada vez mais ricos

Por que as ações continuam sempre em alta, agora que o dinheiro especulativo voou para outras paragens e a economia dos EUA estagnou?

por Mike Whitney - Counterpunch

Carta Maior - 12/05/2015

http://cartamaior.com.br/?/Editoria/Economia/Os-ricos-cada-vez-mais-ricos/7/33481

Segundo Marketwatch:

“Pela oitava semana em sequência, fundos mútuos de longo prazo viram mais dinheiro saindo de ações norte-americanas para ações internacionais, segundo o Investment Company Institute. (...) Para a semana que terminou em 22/4, saíram $3,4 bilhões de fundos mútuos de longo prazo (...). No ano, até aqui, a saída líquida para ações norte-americanas é de $13,79 bilhões, e a saída para ações internacionais é de $41,12 bilhões.

Esses números contudo não incluem fundos cambiais. Só em abril, fundos mútuos e fundos cambiais focados em ações internacionais tiveram influxo de $31,8 bilhões líquidos, e saída de $15,4 bilhões, segundo TrimTabs Investment Research.” (“Why U.S. stocks are near highs even as fund investors flee” [Por que as ações norte-americanas estão no pico, apesar da fuga dos fundos de investimento], Marketwatch)

Assim sendo, se os pequenos investidores estão mudando o dinheiro deles para Europa e Japão (para aproveitar as vantagens do ‘afrouxo monetário’ [orig. Quantitative Easing, QE]), e os sinais vitais da economia dos EUA continuam indetectáveis (o PIB do primeiro trimestre chegou ao fundo do abismo dos 0,1%), nesse caso por que as ações continuam a apenas 2% do pico mais alto de todos os tempos?

Resposta: a recompra de ações.

A política monetária super-super acomodatícia do Fed de Bernanke criou um ambiente no qual os altos executivos e grandes empresários de grandes empresas podem tomar emprestado caminhões de dinheiro pagando as taxas mais baixas da história, e, na sequência usam o mesmo dinheiro para comprar ações de suas próprias empresas. Quando uma empresa reduz o número de ações no mercado, o preço da ação sobre, o que gera recompensa para ambos, para a empresa e para os acionistas. Claro que esse inchaço de preços nada acrescenta à produtividade da companhia ou a suas possibilidades de crescimento. De fato, o processo mina ganhos futuros, porque acrescenta mais números vermelhos no balanço. Mas esses “negativos” nunca são considerados na tomada de decisões, focada exclusivamente em ganhos de curto prazo. Tomem aí uma dose de Morgan Stanley, via Zero Hedge:

“Em 2014, as [empresas que aparecem no índice das 500 maiores de Stanley and Poor] S&P 500 recompraram, em números líquidos, o equivalente a ~$430bilhões em ações comuns e gastaram outros ~$375bilhões para pagar dividendos. O capital total que voltou aos acionistas foi apenas um pouco inferior aos ganhos anuais reportados. No front da renda fixa, o mercado de ações de empresas com grau de investimento viu um recorde de $577bilhões de emissão líquida em 2014. Embora os universos de ações e obrigações não se correspondam 100%, entendemos que esses números revelam história bem simples, mas importante. As corporações norte-americanas têm, essencialmente, emitido níveis recordes de ações e usado parcela significativa de seus ganhos e reservas de caixa para recomprar níveis recordes de ações comuns.” (“Buyback Bonanza, Margin Madness Behind US Equity Rally”, Zero Hedge)

Quer dizer: as empresas estão tomando emprestado centenas de bilhões de dólares dos investidores, pelo mercado de ações. Estão usando esse capital barato para recomprar ações delas mesmas, para conseguir mandar para as alturas a recompensa [“bônus” por desempenho] devida aos executivos, e ganhar muito dinheiro à custa dos investidores. Ao mesmo tempo, vão enfraquecendo a estrutura de capital da empresa, carregando-a com mais dívidas. (Vale a pena observar que “empresas não financeiras com alto grau de investimento” estão hoje mais alavancadas do que estavam em 2007 antes do crash.)

Essa farra ensandecida de recompra atingiu tais níveis de enlouquecimento, que as recompras atualmente já excederam os lucros em dois trimestres em 2014. Eis o que diz Bloomberg:

“[As empresas que aparecem no índice das 500 maiores de Stanley and Poor] realmente amam seus acionistas (...). O dinheiro que voltou aos donos de ações excedeu os lucros no primeiro trimestre e pode exceder também no terceiro. A proporção do fluxo de dinheiro usado para recompras quase dobrou ao longo da última década, segundo Jonathan Glionna, diretor de pesquisa de estratégia de ações dos EUA em Barclays Plc.

As recompras ajudaram a alimentar uma das altas mais fortes dos últimos 50 anos, com as ações mais recompradas ganhando mais de 300% desde março de 2009.” (Bloomberg)

Mas talvez estejamos sendo pessimistas demais. Talvez as ações tivessem subido de qualquer modo, por causa de ganhos recordes e melhoras na economia. Sim, é possível, não é? Não, não é. Não, pelo menos, segundo Morgan Stanley. Veja aí:

“Desde 2012, mais de 50% do aumento nos Ganhos por Ação [orig. Earnings Per Share, EPS] nas [empresas] S&P 500 foi puxado por recompras, e o crescimento sem as recompras tem sido de meros 3,3% anualizado.”

“Mais de 50%!” Aí está o resumo do seu mercado, numa só e desgraçada expressão. Sem recompras significa sem qualquer crescimento no mercado de ações em cinco anos. Ponto final. Parágrafo.

Não fosse pela engenharia financeira e o dinheiro fácil do Fed, as ações estariam no mesmo ponto em que, no geral, está toda a economia: girando em volta do buraco do ralo. É isso.

O mais frustrante de todo esse atual fenômeno é que o Fed sabe exatamente o que se passa, mais vira a cabeça e olha para outro lado. Assim, enquanto a bolha das ações cresce e cresce, o gasto de capital [orig. Capital Expenditure, CAPEX] – que é investimento em produtividade e crescimento futuros – continua a deteriorar-se, o PIB desaba para zero e a demanda vai-se tornando cada vez mais fraca. Não basta isso para que se deva repensar a política toda?

Santo Deus, não, não basta. O Fed está decidido a continuar agarrado à mesma política manca, até que o inferno congele. Que a política deles funcione ou não funcione não é questão que importe a alguém.

Agora considere essa informação, que nos deixa de olhos esbugalhados, de Wolf Street: “A GE, para encobrir perda líquida de $13,6 bilhões e entradas declinantes no primeiro trimestre, disse, dia 10 de abril, que vai recomprar $50 bilhões das próprias ações.” (Wolf Street)

Não sei dizer quantas vezes tenho lido notícias semelhantes nos últimos poucos anos. As entradas da companhia estão encolhendo, estão perdendo dinheiro a rodo e fazem o quê? Anunciam que vai recomprar $50 bilhões das próprias ações.

Parece piada. Mas não fica por aí. As políticas do Fed também dispararam um frenesi de atividade nos empréstimos marginais. Eis o que noticia a rede CNBC:

“A dívida marginal da Bolsa de Valores de NY [orig. New York Stock Exchange NYSE] bateu todos os recordes em março, segundo dados recentemente distribuídos (...) A dívida marginal da NYSE alcançou $476,4 bilhões, depois de chegar aos $464,9 bilhões no final de fevereiro.(ATENÇÃO: Esse valor é $95 bilhões superior aos números de 2007, no auge da bolha.)

Surge dívida marginal quando os investidores tomam empréstimos para comprar ações. Se um investidor compra $100 em ações, com $50 em capital, esse indivíduo tem $50 de dívida marginal. Dado que a dívida marginal provê alavancagem, ela amplifica os ganhos, mas também aumenta o risco para o investidor.” (“What record-high margin debt means for stocks” [O que significa a dívida marginal recorde, para as ações], CNBC)

Mais empréstimos tomados, mais riscos, mais instabilidade financeira. E aí está tudo que o Fed tem feito. Se as taxas estivessem neutras, os preços se normalizariam e os altos executivos não estariam metidos nessa temerária roleta-russa. Em vez disso, é mandar às favas a prudência; continuar a pilhagem do endividamento até que todo o mercado desabe, direto ao poço, como aconteceu há seis anos.

Na verdade, já estamos, hoje, nessa trajetória. Segundo [pesquisa de] TrimTabs Investment Research,

“as recompras em fevereiro alcançaram $104 bilhões, o maior número mensal desde quando começou esse acompanhamento, há vinte anos.”

A verdade é que as coisas estão piorando, não melhorando. Resumo da história: o Fed levou os EUA à beira do precipício, mais uma vez, e o mais leve toque para cima nas taxas de juros empurrará o país, em queda livre.

Mas... por quê? Por que o Fed só faz ‘conduzir’ o país de uma catástrofe financeira, até a seguinte?

Essa é a pergunta que os economistas Atif Mian e Amir Sufi respondem muito convincentemente, com um único e singelo gráfico. Vejam aí:

“Aí se vê a proporção dos ativos financeiros, em relação à distribuição nacional de riqueza nos EUA. Dados tirados da 2010 Survey of Consumer Finances do Fed

Os 20% mais ricos detêm mais de 85% dos ativos financeiros em toda a economia. É claro, portanto, que os ganhos diretos do capital vão só para os lares mais ricos dos EUA.” (Capital Ownership and Inequality [Propriedade do capital e desigualdade], House of Debt).

Por que o Fed cria uma bolha depois da outra, sem parar? Ora! Agora você já sabe.

Traduzido pelo Vila Vudu

http://cartamaior.com.br/?/Editoria/Economia/Os-ricos-cada-vez-mais-ricos/7/33481

1% da população portuguesa detém 21,3% de toda a riqueza do país

Em Portugal, 118 mil pessoas controlam mais de 20% de toda a riqueza nacional. O trabalho não é a principal fonte de rendimento deste 1% de portugueses mais ricos, conclui estudo apresentado esta segunda-feira.

Esquerda.net - 27 de Abril, 2015

http://www.esquerda.net/artigo/1-da-populacao-portuguesa-detem-213-de-toda-riqueza-do-pais/36786

Se a riqueza nacional representasse 1 euro e a dividíssemos pela população portuguesa, os 1% mais ricos teriam direito a 21 cêntimos e o resto da população a 79 cêntimos. Esta é a conclusão da tese de mestrado do jornalista Paulo Ribeiro Pinto, que se dedicou ao estudo da distribuição da riqueza em Portugal.

Segundo o estudo agora apresentado, 21,3 por cento de toda a riqueza do país é detida por apenas 1% da população, cerca de 118 mil pessoas, cujos principais rendimentos não advém do trabalho, mas de rendas.

"Há 118 mil pessoas em Portugal que detém uma quantidade de riqueza muito grande, mas rendimentos muito baixos. Ou seja, há pessoas em Portugal que vivem dos rendimentos que não do trabalho. Vivem de rendimentos patrimoniais vários", explicou o jornalista à Rádio Renascença.

http://www.esquerda.net/artigo/1-da-populacao-portuguesa-detem-213-de-toda-riqueza-do-pais/36786

A venenosa acumulação do dinheiro

Jacques Távora Alfonsin - 20 Janeiro, 2015

https://rsurgente.wordpress.com/2015/01/04/o-venenoso-acumulo-do-dinheiro/

A edição da revista Super Interessante, dezembro/2014, publica alguns dados estatísticos relacionados com a fortuna dos ultra ricos do mundo, assim por ela denominados, confirmando tudo quanto o capitalismo e seus defensores procuram negar:

“Os verdadeiros donos do mundo. A economia mundial vive a maior crise em 80 anos. Ela destruiu milhões de empregos e impede o crescimento da maioria dos países. Ao mesmo tempo, o número de bilionários dobrou, e as fortunas deles também.”

67 – sessenta e sete pessoas apenas, note-se bem – são donas de uma fortuna igual ao que 3,5 bilhões de pobres possuem de dinheiro, ou seja, a metade da população mundial. Bill Gates, sozinho, dono de 80,8 bilhões de dólares, iguala o dinheiro de 17,2 milhões de indianos, compara a revista.

Os efeitos disso em todo o mundo e no Brasil crescem todos os dias ocupando publicações diversas sobre dados, projeções, vaticínios e opiniões de especialistas sobre o que afeta a nossa economia. Não é de admirar. Pela natureza mesma da tendência implacável de se concentrar e multiplicar em poucas mãos, sobra cada vez menos a ser partilhado do “bolo” da riqueza que os defensores do capital nunca deixaram de pregar como um bom efeito dessa forma de acúmulo de dinheiro, poder e influência. Quem é pobre ou miserável esqueça a mais valia da sua contribuição para o aumento do bolo, entre na fila e aguarde com esperança. Vem aí a abundância.

Não dá mais para acreditar nisso, aí residindo o mérito maior da Super Interessante de dezembro passado. Ela mostra que os efeitos das chamadas crises do sistema capitalista são crises de efeitos sociais os mais injustos, mas não para quem é dono do capital. O poder de quem acumula dinheiro sobre toda a atividade política, governos e leis, a força de impedir todo o empenho contrário à conveniência de reproduzir sem limite essa concentração, inclusive por meio de fusões de empresas, e o peso de sua influência no que se relaciona com a carga de impostos comprova o fato:

“No Brasil, são notórios os casos de empresas ou de milionários que dão dinheiro para financiar partidos políticos: são as controversas doações de campanha. Nas últimas eleições, elas ultrapassaram a marca de R$ 1 bilhão, segundo o TSE. As dez empresas que mais doaram (JBS, Bradesco, Itau, OAS, Andrade Gutierrez, Odebrecht, UTC Engenharia, Queiroz Galvão, Vale e Ambev) financiaram 70º de todos os deputados federais eleitos – 360 de quinhentos e treze, segundo levantamento do jornal O Estado de São Paulo.”

Pondera depois a mesma revista: “Os ultra ricos nem sempre exercem seu poder na política ou no mercado financeiro. Eles também influem sobre as coisas que você compra. Os produtos e serviços são fornecidos por um número cada vez menor de empresas – porque elas estão se juntando umas as outras. Entre 2002 e 2005, o Brasil teve uma média de 384 fusões e aquisições por ano, segundo estudo da Consultoria Price Waterhouse Coopers (PwC). De 2006 a 2009, essa média subiu para 646. De 2010 a 2013, chegou a 783.”

Mesmo que a Super Interessante ressalve nem todas as fusões de empresas serem ruins, isso é bem raro, se for observada a economia do mundo todo: “Pesquisadores do Instituto Federal de Tecnologia da Suíça, em Zurique, estudaram as 43 mil maiores empresas do mundo – e mapearam todas as relações entre elas. Descobriram que um grupo muito pequeno manda numa parte enorme da economia global. “1% das empresas controla 40º de toda a rede”, diz James Glattfelder, um dos autores do estudo.”

Sobre a carga tributária: “Os impostos. Quando pensamos neles, costumamos pensar no governo: o dinheiro que ele arrecada e os serviços públicos, como saúde e educação, que fornece em troca. O que pouca gente sabe é que, no Brasil, os ricos pagam proporcionalmente menos impostos (grifos da revista) do que o resto da sociedade. Soa incrível, mas é verdade. Um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) mostra o que acontece. Uma pessoa que ganha dois salários mínimos por mês gasta 53,9% da sua renda com impostos, que estão embutidos nos produtos que ela compra. Tem de trabalhar 197 dias por ano só para pagar impostos. Já alguém que recebe 30 salários mínimos paga apenas 29% – e trabalha 106 dias, quase a metade do tempo, para sustentar o governo. Isso acontece porque, ao contrário do que acontece em países desenvolvidos, os impostos brasileiros estão mais concentrados nos produtos que as pessoas compram, e não no dinheiro que elas ganham. E essa característica é uma máquina de produzir desigualdade: porque os impostos tomam mais dinheiro daqueles que menos têm.”

Esse problema aumenta na medida em que o alarmismo da mídia sobre uma realidade tão dura não se faz em torno dessa injusta e escandalosa desigualdade, nem da exclusão social fatalmente gerada pelo modo de produção capitalista. Bem ao contrário, as manchetes se ocupam preferentemente de como amenizar os efeitos das crises econômicas sem tocar nas suas causas, mais ou menos como conservar o bode dentro de casa desde que ele não cheire tão mal: “não vamos crescer” “vai faltar investimento”, “é urgente se estabelecerem renúncias fiscais”, “o Estado precisa garantir melhor a liberdade de iniciativa”, “estamos perdendo em competitividade”, “a globalização dos mercados veio para ficar e nós estamos atrasados nisso” “o PIB está caindo e isso é de responsabilidade exclusiva do governo”.

Permita-se a quem não é versado em economês, como é o nosso caso, procurar discernir onde, em qualquer dessas manchetes, existe algum sinal de preocupação com a urgente necessidade de os ricos ganharem menos e os pobres ganharem mais, de os ricos não garantirem a segurança dos seus negócios mandando até nas leis pelo financiamento de campanhas eleitorais de políticos e, por um tal meio, não haver o risco de a carga tributária brasileira, de que os mesmos se queixam tanto, ser tão pesada para os pobres.

Taxa Tobin, imposto progressivo, tributação de fortunas, ampliação do controle e da punição de monopólios, de cartéis e dumpings, tudo isso, como se sabe, é estudado e proposto para, quando menos, fazer com que essa vergonhosa concentração de riqueza não prossiga aumentando a injustiça social que ela cria e reproduz, lidando indiferente com a vida, a cidadania, a dignidade e a liberdade da maioria do povo. Ela se impõe de um modo pernicioso, desiguala, oprime, engana, explora pessoas, depreda a natureza, envenena a terra e, em nome do mercado, auto justifica a sua visceral imoralidade.

A histórica falta de garantias devidas aos direitos sociais encontram aí a sua causa. Estancada uma tal hemorragia de veias abertas, como já disse Eduardo Galeano, o sangue de uma economia efetivamente solidária na qual o suficiente para todas/os não pudesse mais ser sacrificado pelo conveniente e imposto por alguns/as, irrigaria o corpo da humanidade inteira. A possibilidade concreta de construção dessa alternativa, estudada e testada em alguns pontos do planeta, como os Fóruns sociais mundiais que Porto Alegre e outras cidades do país e do mundo testemunharam, não abandonou o empoderamento da sua viabilidade.

Quanto mais alta essa utopia, maior o mérito do empenho em lutar por ela. Como a pomba (da estratégia) e a serpente (da tática), lembradas por Jesus Cristo no evangelho, ela voa alto para ver por onde vem o lobo do egoísmo e da ganância, e, junto à terra, espreita o melhor momento de apanhá-lo pelo focinho.

https://rsurgente.wordpress.com/2015/01/04/o-venenoso-acumulo-do-dinheiro/

O 1% mais rico terá mais riqueza que os 99% em 2016

Esquerda.net - 19 Janeiro, 2015

A Oxfam publicou um relatório onde aponta que, se não for revertida a atual tendência para a concentração da riqueza e para o aumento da desigualdade, no próximo ano o 1% mais rico do planeta ultrapassará a riqueza de 99% da população mundial.

http://www.esquerda.net/artigo/o-1-mais-rico-tera-mais-riqueza-que-os-99-em-2016/35502

A organização internacional Oxfam publicou nesta segunda-feira o relatório Wealth: Having It All and Wanting More (Riqueza: Ter tudo e querer mais). A ONG divulga este relatório poucos dias antes do Fórum Económico Mundial de Davos, em que a sua diretora executiva, Winnie Byanyima, copresidirá e na qual, segundo a ONG, fará um apelo para que sejam tomadas “medidas urgentes que travem o aumento da desigualdade, começando por pôr fim à fraude e evasão fiscal por parte das grandes empresas e por impulsionar um acordo global contra as alterações climáticas”.

A Oxfam sublinha que atualmente uma em cada nove pessoas tem falta de alimentos e mais de mil milhões de pessoas ainda vivem com menos de 1,25 dólares por dia.

Segundo a organização, o relatório mostra como a riqueza acumulada pelo 1% mais rico do planeta aumentou, passando de 44% em 2009 para 48% em 2014, ano em que o 1% tinha uma riqueza média de 2,7 milhões de dólares por adulto. Dos restantes 52% da riqueza mundial, 46% (a maior parte) está nas mãos dos 20% mais ricos do planeta. Os 80% restantes da população mundial têm apenas 5,5% da riqueza mundial: 3, 851 dólares em média por adulto, equivalentes a 1/700 da riqueza média do 1% mais rico.

Em 2013, a Oxfam denunciou que as 85 pessoas mais ricas do planeta tinham a mesma riqueza que a metade mais pobre da população mundial (3.500 milhões de pessoas). A concentração da riqueza tem sido impressionante: em 2010, as 388 pessoas mais ricas tinham a mesma riqueza que a metade mais pobre, em 2013 eram 85 e em 2014 são apenas 80. A fortuna dessas 80 pessoas duplicou entre 2009 e 2014.

Sete pontos para lutar contra a desigualdade


Participação na riqueza mundial do 1% mais rico e dos 99% mais pobres da população, respetivamente; as linhas descontínuas refletem as previsões baseadas na tendência observada entre 2010 e 2014. Em 2016 o 1% mais rico possuirá mais de 50% da riqueza mundial total – Gráfico da Oxfam

A Oxfam faz também um apelo aos governos para que adotem um plano de sete pontos para lutar contra a desigualdade:

- Travar a fraude e a evasão fiscal por parte das grandes empresas e dos mais ricos;
- Investir em serviços públicos gratuitos e universais, como a educação e a saúde;
- Distribuir o esforço fiscal de forma justa e equitativa, transferindo a carga tributária do trabalho e do consumo para o património, o capital e os rendimentos;
- Fixar um salário mínimo para que todos os trabalhadores alcancem um nível de vida digno;
- Alcançar a igualdade salarial e promover políticas económicas a favor das mulheres;
- Garantir sistemas de proteção social adequados para as pessoas mais pobres, inclusive um sistema de garantia de rendimento mínimo;
- Fazer da luta contra a desigualdade um objetivo internacional.

Mais de um terço dos multimilionários herdaram grande parte ou toda a sua fortuna

Segundo a ONG, o relatório salienta como a riqueza extrema se transmite de geração em geração - mais de um terço dos 1.645 multimilionários incluídos na lista Forbes herdaram grande parte ou toda a sua fortuna - e como as elites dedicam grandes esforços e recursos para que os padrões globais sejam estabelecidos a seu favor.

A Oxfam denuncia que 20% dos multimilionários tem interesses nos setores financeiros e dos seguros e que, em 2013, estes setores gastaram 550 milhões de dólares para financiar “exércitos de lobistas” para influenciar as políticas decididas em Washington e Bruxelas. Nas eleições de 2012 nos EUA, o setor financeiro contribuiu com 571 milhões de dólares para as campanhas eleitorais.

A organização internacional denuncia também que a riqueza dos multimilionários com interesses nos setores farmacêutico e da saúde cresceu 47% e que, em 2013, eles destinaram mais de 500 milhões a financiar “exércitos de lobistas” para influenciar as políticas decididas em Washington e Bruxelas.

http://www.esquerda.net/artigo/o-1-mais-rico-tera-mais-riqueza-que-os-99-em-2016/35502

Aumenta o número de bilionários no mundo

Por Marco Antonio Moreno

Esquerda.net - 26 Setembro, 2014

Dinheiro dos resgates aumenta o número de multimilionários e faz disparar a desigualdade social. Proprietários de uma riqueza superior a 1.000 milhões de dólares aumentaram este ano em 155 pessoas, totalizando 2.325. Juntas, possuem o equivalente a duas vezes o PIB da Alemanha. Por Marco Antonio Moreno, El Blog Salmón.

http://www.esquerda.net/artigo/aumenta-o-numero-de-bilionarios-no-mudo/34257

Os mais ricos do mundo aumentaram a sua riqueza em 12 por cento no último ano, elevando-a a 7,3 biliões de dólares, valor equivalente ao PIB combinado de França, Reino Unido e Itália. O relatório dado a conhecer esta semana pelo Wealth-X e o UBS, assinala que o número de pessoas com uma riqueza superior aos 1.000 milhões de dólares aumentou este ano em 155, totalizando 2.325 integrantes deste seleto clube que no ano 2009 tinha só 1.360 membros. Este dado confirma que a crise financeira, que mantém hoje a economia mundial no mais sério estancamento económico, foi um esplêndido negócio para a elite dos ultrarricos.

Os multimilionários são 0,000033 por cento da população mundial e este pequeno estrato social de 2.325 pessoas possui 4,5 vezes a riqueza total da metade mais pobre do planeta, isto é, de 3.500 milhões de pessoas. Um dado importante é que as principais fontes impulsionadoras da riqueza dos multimilionários são o mercado de valores e o capital financeiro, justamente onde têm ido parar grande parte das ajudas públicas com o dinheiro de todos os contribuintes. Por isso não deve surpreender que a Europa e os Estados Unidos disputem por igual o predomínio entre os mais ricos: a Europa com 775 multimilionários que ostentam uma fortuna de 2,38 biliões de dólares; e os Estados Unidos com 609 membros que acumulam uma fortuna de 2,37 biliões de dólares.

Para pôr em perspetiva a riqueza que possuem estes 2.325 multimilionários, há que dizer que esta equivale a 5,5 vezes o PIB espanhol, duas vezes o PIB da Alemanha e quase a metade do PIB dos Estados Unidos. Não deve surpreender que a Espanha tenha seis novos bilionários na lista.

Estes são os dados que melhor exemplificam o descalabro do mundo atual: estancamento económico generalizado, alto desemprego e resgates multimilionários dos governos e dos bancos centrais que foram parar diretamente aos bolsos dos mais ricos. Isto confirma o mal que funciona o sistema capitalista e a sua incapacidade de melhorar a distribuição da riqueza.

Todas as políticas adotadas desde a falência do Lehman Brothers, sejam resgates bancários, taxas de juros próximas a zero ou planos de flexibilização quantitativa, geraram volumosos recursos para a especulação, mas não fizeram nada pela economia real. Os vícios que desencadearam a crise, há seis anos, reproduziram-se gerando novas bolhas. Por isso os multimilionários ficaram bem mais ricos, como mostra o relatório do Wealth-X e do UBS. Este fenómeno não só levou a um crescimento explosivo da desigualdade social, como também criou as condições ótimas para a explosão de uma crise maior.

Publicado em El Blog Salmón

Tradução de Luis Leiria para o Esquerda.net.

http://www.esquerda.net/artigo/aumenta-o-numero-de-bilionarios-no-mudo/34257

Causas e consequências de um país ter super-ricos

Por Vicenç Navarro

Esquerda.net - 13 Março, 2014

Não é por acaso que os países em que há mais super-ricos, são também aqueles em que há mais pobres e super-pobres. E o que ocorre em cada país, ocorre também a nível internacional.

http://www.esquerda.net/artigo/causas-e-consequ%C3%AAncias-de-um-pa%C3%ADs-ter-super-ricos/31732

A revista de negócios norte-americana Forbes publica periodicamente informação sobre os super-ricos do mundo, considerando como tais as pessoas que ganham mais de 50.000 milhões de dólares por ano.

O Institute for Policy Studies de Washington D.C., EUA, e a revista económica Dollars and Sense publicaram um artigo sobre os dados da Forbes que dá uma imagem fiel da distribuição mundial dos super-ricos (Robin Broad e John Cavanagh, “The Rise of the Global Billionaires”, janeiro/fevereiro 2014). E o que se observa de uma maneira muito clara é a mudança desde os anos noventa na distribuição dos super-ricos. Desde a II Guerra Mundial, os super-ricos concentravam-se nos EUA, na Europa Ocidental e no Japão. A situação atual, no entanto, é muito diferente. Os EUA continuam a ser o país com maior número de super-ricos (442), um número que em proporção do total de super-ricos do mundo não variou ao longo dos últimos anos. Estes 442 representam cerca de 31% de todos os super-ricos do mundo. No entanto, onde houve uma mudança enorme foi na República da China (122) e na Rússia (110), que passaram de não terem nenhum para o segundo e terceiro países com mais super-ricos. A Alemanha é o quarto país (58), seguido de Índia (55), Brasil (46), Turquia (43), Hong Kong (39) e Reino Unido (38). Estes dados mostram o número de super-ricos, mas não assinalam o nível de riqueza que cada super-rico atinge. Se olharmos para estes dados, poderemos ver que o indivíduo mais rico do mundo, o Sr. Carlos Slim (73.000 milhões), vive no México (um país onde a pobreza é muito grande), seguido de Bill Gates que vive nos EUA e Amancio Ortega em Espanha (57.000 milhões), um dos países com maior taxa de desemprego e maior taxa de pobreza da OCDE.

O significado destes dados está para além dos números assinalados, pois a existência de super-ricos quer dizer que há uma enorme concentração da riqueza, já que quando há super-ricos – o topo da pirâmide – quer dizer que há também ricos e quase ricos. Por outras palavras, é um indicador de que aquele país tem uma enorme concentração da riqueza e, portanto, grandes desigualdades.

O segundo significado da existência de super-ricos é que também há muitos super-pobres. Na realidade, a desigualdade quer dizer, na maioria dos casos, grande pobreza. Na realidade, os primeiros – os super-ricos – não se podem explicar sem os segundos – os super-pobres. Isto é, os primeiros têm enormes riquezas precisamente porque os não ricos têm menos riqueza. A riqueza dos primeiros foi extraída aos segundos. Estou consciente de que esta expressão choca com a sabedoria convencional, que assume que a desigualdade é uma coisa e a pobreza é outra. A evidência, no entanto, de que as duas são os dois lados da mesma moeda é clara. Se analisarmos, por exemplo, a distribuição dos rendimentos que existem num país, podemos ver que estes derivam ou da propriedade (isto é, da riqueza, ou seja, da posse de recursos que geram rendimento) ou do trabalho. Pois bem, a grande divisão nas sociedades é entre o primeiro grupo de proprietários e gestores das maiores quantidades de propriedade e os que trabalham para poder viver. Estes últimos são, certamente, os produtores da riqueza, de cuja distribuição depende o seu grau de concentração. Quando o rendimento gerado por esta produção vai predominantemente para os rentistas do capital, é quando nos encontramos com o grande número de super-ricos, os quais conseguiram esta abundante riqueza devido a terem expropriado a riqueza e a rendimento derivados do mundo do trabalho. Não é por acaso que os países em que há mais super-ricos, são também aqueles em que há mais pobres e super-pobres.

E o que ocorre em cada país, ocorre também a nível internacional. Desta situação derivam várias observações:

1. Não há países pobres. Na realidade, alguns dos países chamados pobres têm uma grande quantidade de super-ricos. O argumento de que a riqueza ao acumular-se no topo premeia todos os outros setores da sociedade não se ajusta à realidade.

2. A pobreza não se deve à falta de recursos de um país, mas sim ao controle destes recursos por parte dos super-ricos do país, que estão sempre em aliança com os super-ricos de outros países.

3. É denunciável que em Espanha, onde uma em cada três crianças está em risco de pobreza, existe um grau de concentração da riqueza tão elevado, o qual poder-se-ia resolver facilmente redistribuindo os recursos, hoje na posse dos super-ricos.

4. A sua pobreza está baseada na sua falta de controle da propriedade dos super-ricos, que estes utilizam para o seu próprio enriquecimento em vez de o atribuir à melhoria das condições de vida da maioria da população.

5. O aumento das desigualdades deve-se principalmente a fatores políticos e, muito em especial, ao enorme poder que os super-ricos têm sobre os Estados, que são quem está a impor políticas públicas que os favorecem.

6. O enorme desprestigio da União Europeia e dos governos dos seus países membros deve-se precisamente a este facto: a enorme influência dos super-ricos (quer da banca quer do grande patronato) sobre os políticos.

Uma última observação. Dir-me-ão (já me têm dito), que o facto do terceiro super-rico do mundo ser espanhol não tem nada a ver com a elevada percentagem de pobreza e/ou o alto nível de desemprego. Esta posição ignora que o Estado que facilita que haja super-ricos é o mesmo que favorece os salários baixos, a política fiscal regressiva, o escasso desenvolvimento do Estado de Bem-estar e a limitadíssima capacidade redistributiva do Estado. Há, pois, uma relação direta entre os primeiros e os segundos, por muito que se tente ocultar este facto evidente.

Artigo de Vicenç Navarro, publicado em publico.es. Tradução de Carlos Santos para esquerda.net

http://www.esquerda.net/artigo/causas-e-consequ%C3%AAncias-de-um-pa%C3%ADs-ter-super-ricos/31732

Ex-jurista do Banco Mundial revela como a elite domina o mundo

Diário Liberdade - 11 Março 2014

RT - Karen Hudes, ex-informante do Banco Mundial, despedida por ter revelado informação sobre a corrupção no banco, explicou com detalhes os mecanismos bancários para dominar nosso planeta.

http://www.diarioliberdade.org/artigos-em-destaque/408-direitos-nacionais-e-imperialismo/46766-ex-jurista-do-banco-mundial-revela-como-a-elite-domina-o-mundo.html

Karen Hudes (foto), graduada pela escola de Direito de Yale, trabalhou no departamento jurídico do Banco Mundial durante 20 anos. Na qualidade de 'assessora jurídica superior', teve suficiente informação para obter uma visão global de como a elite domina o mundo. Desse modo, o que conta não é uma 'teoria da conspiração' a mais.

De acordo com a especialista, citada pelo portal Exposing The Realities, a elite usa um núcleo hermético de instituições financeiras e de gigantes corporações para dominar o planeta.

Citando um explosivo estudo suíço de 2011, publicado na revista 'Plos One' a respeito da "rede global de controle corporativo", Hudes enfatizou que um pequeno grupo de entidades, em sua maioria instituições financeiras e bancos centrais, exerce uma enorme influência sobre a economia internacional nos bastidores. "O que realmente está acontecendo é que os recursos do mundo estão sendo dominados por esse grupo", explicou a especialista com 20 anos de trabalho no Banco Mundial, e acrescentou que os "capturadores corruptos do poder" também conseguiram dominar os meios de comunicação. "Isso é permitido a eles", assegurou.

O estudo suíço que mencionou Hudes foi realizado por uma equipe do Instituto Federal Suíço de Tecnologia de Zurique. Os pesquisadores estudaram as relações entre 37 milhões de empresas e investidores de todo o mundo e descobriram que existe uma "super-entidade" de 147 megacorporações muito unidas e que controlam 40% de toda a economia mundial.

Contudo, as elites globais não controlam apenas essas megacorporações. Segundo Hudes, também dominam as organizações não eleitas e que não prestam contas, mas, sim, controlam as finanças de quase todas as nações do planeta. São o Banco Mundial, o FMI e os bancos centrais, como a Reserva Federal Estadunidense, que controla toda a emissão de dinheiro e sua circulação internacional.

O banco central dos bancos centrais

A cúpula desse sistema é o Banco de Compensações Internacionais: o banco central dos bancos centrais.

"Uma organização internacional imensamente poderosa da qual a maioria nem sequer ouviu falar controla secretamente a emissão de dinheiro do mundo inteiro. É o chamado Banco de Compensações Internacionais [Bank for International Settlements]. Trata-se do banco central dos bancos centrais, localizado na Basileia, Suíça, mas que possui sucursais em Hong Kong e na Cidade do México. É essencialmente um banco central do mundo não eleito, que tem completa imunidade em matéria de impostos e leis internacionais (...). Hoje, 58 bancos centrais em nível mundial pertencem ao Banco de Compensações Internacionais, e tem, em muito, mais poder na economia dos Estados Unidos (ou na economia de qualquer outro país) que qualquer político. A cada dois meses, os banqueiros centrais se reúnem na Basileia para outra 'Cúpula de Economia Mundial'. Durante essas reuniões, são tomadas decisões que atingem a todo homem, mulher e criança do planeta, e nenhum de nós tem voz naquilo que se decide. O Banco de Compensações Internacionais é uma organização que foi fundada pela elite mundial, que opera em benefício da mesma, e cujo fim é ser uma das pedras angulares do vindouro sistema financeiro global unificado".

Segundo Hudes, a ferramenta principal de escravizar as nações e Governos inteiros é a dívida.

"Querem que sejamos todos escravos da dívida, querem ver todos os nossos Governos escravos da dívida, e querem que todos os nossos políticos sejam adictos das gigantes contribuições financeiras que eles canalizam em suas campanhas. Como a elite também é dona de todos os principais meios de informação, esses meios nunca revelarão o segredo de que há algo fundamentalmente errado na maneira como funciona nosso sistema", afirmou.

A tradução é do Cepat.

Artigo originalmente publicado na Russia Today em: http://actualidad.rt.com/economia/view/121399-jurista-banco-mundial-revela-elite-domina-mundo

http://www.diarioliberdade.org/artigos-em-destaque/408-direitos-nacionais-e-imperialismo/46766-ex-jurista-do-banco-mundial-revela-como-a-elite-domina-o-mundo.html

Metade da riqueza mundial é controlada por apenas 1% da população

Esquerda.net - 20 Janeiro, 2014

A organização humanitária Oxfam publicou um relatório esta segunda-feira onde dá conta que a riqueza acumulada pelas 85 pessoas mais ricas do mundo corresponde aos recursos disponíveis de mais de metade dos pobres de todo o mundo. Em Portugal, o peso dos rendimentos dos mais ricos no rendimento total do país mais que duplicou desde a década de 80.

http://www.esquerda.net/artigo/metade-da-riqueza-mundial-%C3%A9-controlada-por-apenas-1-da-popula%C3%A7%C3%A3o/31019

O estudo intitulado “Governar para as elites – sequestro democrático e desigualdade económica”, é divulgado nas vésperas de mais um Fórum Económico Mundial de Davos, que reúne os mais poderosos e ricos do mundo.

Com este estudo, a organização pretende alertar para o facto dos poderes económicos e políticos estarem a “separar cada vez mais as pessoas”, tornando inevitáveis “as tensões sociais e o aumento do risco de rotura social”.

A Oxfam alerta que cerca de metade da riqueza de todo o globo é propriedade de apenas 1% da população mundial, o que corresponde a 110 mil milhões de euros, 65 vezes superior ao que dispõe a metade mais carenciada do mundo.

Os dados relatados pela organização são elucidativos. No ano transato, 210 pessoas entraram no “restrito clube dos multimilionários - que superam os mil milhões de dólares de fortuna -”, atualmente composto por 1426 pessoas, com uma riqueza total avaliada em 5400 milhões de dólares. Por sua vez, na Europa, a fortuna das dez pessoas mais ricas, 217 mil milhões de euros, ultrapassa o valor das medidas de estímulo à economia aplicadas entre 2008 e 2010 (200 mil milhões de euros). Segundo a Oxfam, estes valores dão uma “ideia da magnitude da concentração de riqueza a nível mundial”.

A organização vai mais longe e demonstra que sete em cada dez pessoas vivem em países onde a desigualdade económica aumentou nos últimos 30 anos e que o peso dos rendimentos do 1% mais rico da população nos rendimentos totais dos seus países cresceu em pelos menos 24 dos 26 Estados para os quais dispõe de dados. Esta tendência confirma-se também “em países considerados mais igualitários, como a Suécia e a Noruega”.

Em Portugal, à semelhança da China e dos Estados Unidos, o peso dos rendimentos dos mais ricos no rendimento total do país mais que duplicou desde a década de 80, “e a situação tem vindo a piorar”, revela o relatório.

“É provável que, na realidade, a concentração de riqueza seja muito maior, dado que uma grande quantidade dos rendimentos dos mais endinheirados se ocultam em paraísos fiscais”, entende a Oxfam, que estima existirem pelos menos 18 599 milhões de dólares não registados.

No tocante à distribuição de riqueza, a organização humanitária foca-se em dados do Crédit Suisse que demonstram que 86% dos recursos do mundo são controlados por apenas 10% da população, por sua vez, os 70% dos mais pobres, têm a seu dispor apenas 3% dos recursos.

Segundo a Oxfam, a concentração de capital não tem equivalente na história mundial, dando o exemplo do multimilionário mexicano Carlos Slim, que com apenas os seus ganhos anuais conseguiria pagar o salário anual a 440 mil conterrâneos.

Os autores chegam mesmo a classificar esta concentração brutal de recursos como um “sequestro democrático”, que faz com que vários governos sirvam apenas uma pequena elite através de “ “políticas fiscais injustas e práticas corruptas, que expoliam os cidadãos”. “A magnitude da concentração de riqueza, a monopolização de oportunidades e a desigualdade na representação política são uma tendência grave e preocupante”, que ameaça “perpetuar as diferenças entre ricos e pobres e torná-las irreversíveis”.

Assim, solicitam aos participantes de Davos que tomem medidas para combater as desigualdades.

Segundo o jornal Público, entre as recomendações aos mais ricos e poderosos do mundo figuram as de não recorrer a paraísos fiscais, nem fugir aos impostos; não utilizar o poder económico para obter favores políticos; o apoio a políticas de progressividade fiscal sobre a riqueza e os rendimentos; exigir que todas as empresas paguem salários justos aos seus trabalhadores e que os governos canalizem a sua receita fiscal para proporcionar cuidados de saúde, educação proteção social a todos os cidadãos.

http://www.esquerda.net/artigo/metade-da-riqueza-mundial-%C3%A9-controlada-por-apenas-1-da-popula%C3%A7%C3%A3o/31019

2013, Um ano faustoso para o 1 % mais rico

Esquerda.net - 12 Janeiro, 2014

A desigualdade entre ricos e pobres acentuou-se ainda mais no último ano. Nos EUA, os mais afortunados detêm mais de metade dos rendimentos nacionais, atingindo um grau de concentração nunca visto desde 1917.

http://www.esquerda.net/artigo/2013-um-ano-faustoso-para-o-1-mais-rico/30924

Segundo os peritos, o ano 2013 foi muito melhor do que o previsto. Muitos felicitam-se de que tenham sido superados os problemas causados pela crise económica. Para justificar este retorno a uma situação mais normal, os comentadores sublinham os rendimentos “históricos” dos mercados bolsistas mundiais. De Nova York a Tóquio, passando por Frankfurt ou Londres, voaram de recorde em recorde, apagando todos os rastos da crise de 2008.

Outro dado igualmente reconfortante para os especialistas é que os mercados imobiliários, que estiveram no fundo durante mais de seis anos consecutivos, voltam a evoluir em subida. Os andares e as casas recuperam os preços estratosféricos que tanto satisfazem os comentadores. O mercado londrino está na cota mais alta dos últimos seis anos, e o de Nova York ascende a bom ritmo. Em suma, tudo está a voltar a como era dantes. Por fim, para alguns; ainda que só para um punhado.

O que distingue 2013 é o aprofundamento da fratura que separa os mais ricos dos mais pobres, o aumento cada vez mais escandaloso da desigualdade. A recuperação só valeu, e só vale, para o 1 % mais rico, em detrimento do 99 % restantes.

Segundo a classificação da agência Bloomberg, elaborada no passado dia 2 de janeiro, os 300 multimilionários mais ricos do mundo viram a sua fortuna crescer no ano passado, em 524.000 milhões de dólares norte-americanos. Juntos acumulam uma riqueza de 3,7 biliões de dólares, o que equivale ao PIB conjunto da França e da Espanha. O fundador da Microsoft, Bill Gates, volta a ser o homem mais rico do mundo, com um património de 78.500 milhões de dólares. Simplesmente, graças à especulação bolsista (as ações da Microsoft aumentaram 40 % em 2013) embolsou 15.800 milhões de dólares.

Paralelamente, as classes médias e os setores mais pobres dizem que não notam nenhuma melhoria na sua vida. Nos EUA, cuja economia é a que se considera que mais tem avançado, as condições de vida continuam a degradar-se. O rendimento médio por habitante ascende a 28.281 dólares, pelo que é inferior em valor constante ao rendimento médio de 1998. Oficialmente, a taxa de desemprego é apenas de 7 %, mas milhões de pessoas ficaram fora das estatísticas oficiais de procura de emprego. Mais de 46 milhões de norte-americanos vivem abaixo do limiar de pobreza. Enquanto a pobreza tinha descido continuamente desde meados da década de 1960, não deixa de crescer desde meados da década de 2000 e ainda mais desde que se iniciou a crise. 20 % dos jovens de 18 a 24 anos de idade vivem atualmente na indigência.

Os dados são ainda mais esmagadores no caso da Europa, onde à crise se somou a austeridade. Enquanto a economia anda aos tropeções, o desemprego atinge níveis recorde em toda a Europa do sul: mais de metade dos jovens espanhóis e gregos estão no desemprego. A pobreza reapareceu em todo o continente. Mais de oito milhões de franceses vivem abaixo do limiar de pobreza, fixado em 977 euros por mês. 15 % da população alemã também se encontra abaixo do mínimo. No seu último relatório, a agência de estatísticas de Itália assinala que 12 % das famílias deste país vivem na miséria. Na Grã-Bretanha, a Cruz Vermelha teve que reabrir centros de acolhimento para ajudar os mais pobres. As organizações caritativas multiplicam a partilha de alimentos a famílias pobres. Uma situação nunca vista desde a época da guerra, dizem.

Enquanto se dispõe a deixar a presidência da Reserva Federal (Fed), o banco central dos EUA, Ben Bernanke apresentou um balanço prudente da sua atuação. Sem a ação decidida da Fed, a situação económica seria agora bastante pior, explicou para defender as suas decisões. No entanto, reconheceu que “apesar dos avanços, a recuperação continua a ser a todas as luzes incompleta”, e prometeu que se manteria a política de baixas taxas de juro e de medidas não convencionais (quantitative easing).

Estes milhares de milhões de dólares, ienes e euros não foram parar em nenhum caso à economia real, mas provocaram uma deformação económica nunca vista até agora. O essencial foi para o setor financeiro, que o utilizou como é seu costume: especulando em massa com todos os ativos que lhe pareçam rentáveis, desde o petróleo até ao sector imobiliário, passando pelas ações e obrigações.

No passado mês de novembro, enquanto a Fed anunciava que ia continuar a injetar nos mercados 85.000 milhões de dólares em cada mês, um gerente (multimilionário) de fundos de cobertura, Stanley Druckenmiller, aplaudia esta decisão: “É uma notícia formidável para os ricos. É a maior redistribuição de riqueza das classes médias e dos pobres a favor dos mais ricos. Quem possui os ativos? Os ricos, os multimilionários. Pensam vocês que Warren Buffet disparata contra esta decisão? […] Pela minha parte, hoje foi uma jornada excelente. É possível que esta política monetária, que dá dinheiro aos multimilionários, dinheiro que vamos gastar, funcione. No entanto, desde há cinco anos não está a funcionar.”

A grande distorção

É difícil resumir melhor a política aplicada pelas economias ocidentais desde o começo da crise. Desde há cinco anos leva-se a cabo uma transferência massiva dos pobres e das classes médias para os mais ricos. Num estudo sobre o período 2009-2012,o economista Emmanuel Saez (autor de numerosos trabalhos com Thomas Piketty) conclui que “95 % dos ganhos da recuperação foram açambarcadas pelo 1 % mais rico”. Os 10 % mais ricos (com rendimentos anuais superiores a 114.000 dólares) tiveram uma descida brutal dos seus rendimentos (–36,3 %) no começo da crise devido à queda dos mercados bolsistas e imobiliários. Não obstante, ao contrário das recessões anteriores, 99 % também viram minguar os seus rendimentos em 11,6 % durante este período.

A partir de 2010, os lares mais acomodados conseguiram ultrapassar os efeitos das suas perdas. “Os rendimentos do 1 % mais rico aumentaram depois 31,4 %, enquanto as dos 99 % mais pobres só cresceram 0,4 %. Estas cifras indicam que a grande recessão afetou temporariamente os rendimentos mais altos, mas não limitará o aumento espetacular dos rendimentos dos mais ricos a que assistimos desde a década de 1970”, assinala o economista.

O longo período de redução das desigualdades que se iniciou após a crise de 1929, e sobretudo depois da segunda guerra mundial, passou definitivamente à história. Os norte-americanos mais afortunados pagaram em 2012 menos de metade dos impostos que os demais cidadãos do país, devido à fiscalidade privilegiada sobre o património. Segundo o estudo, os 10% mais acomodados da população –equivalente ao primeiro decil– recebia 50,4% do total dos rendimentos norte-americanos em 2012. Esta proporção teve que aumentar ainda mais em 2013. Semelhante nível de acumulação de riqueza em tão poucas mãos nunca se viu desde 1917, ano em que começaram as estatísticas nos EUA, assinala o estudo. Nem sequer na véspera da crise de 1929 se atingiu uma percentagem tão elevada.

Pode ser que os dados não sejam tão escandalosos no caso da Europa, mas a tendência é a mesma, como demonstram os estudos do instituto de estatística francês em relação à França e do Eurostat em relação à Europa. Em todo o lado se aprofunda a fratura entre ricos e pobres.

Nos EUA, o empobrecimento da população e o afundamento das classes médias converteram-se num tema de debate político, ainda que meramente incipiente. No começo de dezembro, Barack Obama inquietava-se perante o fim do “sonho americano”, quando uma maioria da população está convencida de que os seus filhos não poderão tomar o ascensor social. O presidente dos EUA diz que quer lutar contra as desigualdades e devolver a esperança às classes médias, que constituem a base da democracia norte-americana. Num artigo publicado a 6 de janeiro no Financial Times, Lawrence Summer, ex conselheiro económico de Bill Clinton e candidato frustrado à sucessão de Ben Bernanke na presidência da Reserva Federal, inclusive vai mais longe. Após destacar os riscos de que a economia dos EUA caia numa estagnação secular, reclama uma mudança de política, uma política de investimento em todos os âmbitos, insistindo no facto de que “o problema está mais na falta de procura que na falta de oferta”.

A Europa nem sequer começou a refletir sobre isso. Da Grã-Bretanha à Espanha, passando por França, tudo continua sob o signo da austeridade, da redução da despesa pública, da redução dos impostos, do corte dos salários e da redistribuição social. As grandes fortunas europeias não têm com que se preocupar: 2014 promete ser também em um ano excelente para elas.

Artigo da jornalista Martine Orange publicado em mediapart.fr e traduzido para espanhol por vientosur.info. Tradução para português de Carlos Santos para esquerda.net

http://www.esquerda.net/artigo/2013-um-ano-faustoso-para-o-1-mais-rico/30924

Ricos cada vez mais ricos: Bilionários mundiais com 524 mil milhões a mais em 2013

Para as contas das 300 pessoas mais ricas do mundo entraram mais 524 mil milhões nos últimos 12 meses, o que comprova, mais uma vez, que os ricos estão cada vez mais ricos. Bill Gates continua na liderança.

PTJornal - Quinta-feira, 02 Janeiro 2014

http://www.ptjornal.com/2014010220099/geral/economia/ricos-cada-vez-mais-ricos-bilionarios-mundiais-com-524-mil-milhoes-a-mais-em-2013.html

Os ricos estão cada vez mais ricos. Esta é a conclusão a tirar da atualização da lista da agência Bloomberg das 300 pessoas mais ricas do mundo.

Ao todo, somando os valores das contas dessas 300 pessoas, entraram mais 524 mil milhões de dólares.

No topo dos mais ricos continua Bill Gates, fundador da Microsoft. A valorização das ações da empresa norte-americana em cerca de 40 por cento, durante 2013, contribui para Gates encaixar mais 15,8 mil milhões de dólares à sua fortuna pessoal, avaliada agora em cerca de 78,5 mil milhões.

Segue-se o empresário Carlos Slim, que foi durante quatro anos o mais rico do planeta, ganhando qualquer coisa como 95 euros por segundo. Os tempos mudaram e o mexicano é agora segundo. O ano de 2013 também não lhe deixa grandes memórias, já que viu a sua fortuna cair 1,4 milhões de dólares para os 73 mil milhões.

A terceira posição é ocupada por Amancio Ortega, fundador do Grupo Inditex, detentor de marcas como Zara, Massimo Dutti, entre outras. Aos 77 anos, o empresário espanhol tem uma fortuna avaliada em cerca de 66 mil milhões de dólares.

Veja de seguida o Top10 dos mais ricos do mundo, segundo a Bloomberg:

1.º- Bill Gates: 78, 5 mil milhões de dólares
2.º- Carlos Slim: 73,8
3.º- Amancio Ortega: 66,4
4.º- Warren Buffett: 60,8
5.º- Ingvar Kamprad: 53,4
6.º- Charles Koch: 50,2
7.º- David Koch: 50,2
8.º- Larry Ellison: 43,7
9.º- Christy Walton: 39
10.º- Jim Walton: 37,3

http://www.ptjornal.com/2014010220099/geral/economia/ricos-cada-vez-mais-ricos-bilionarios-mundiais-com-524-mil-milhoes-a-mais-em-2013.html

Crise? Número de ultramilionários portugueses aumenta

Esquerda.net - 7 Novembro, 2013

Portugal ocupa o 12º lugar entre os países europeus no "ranking" dos ultramilionários, ultrapassando países como Bélgica, Áustria, Luxemburgo e Dinamarca. Em causa estão fortunas superiores a 22 milhões de euros, num total de 74 mil milhões de euros, que se encontram concentrados nas mãos de 0,009% da população portuguesa.

http://www.esquerda.net/artigo/n%C3%BAmero-de-ultramilion%C3%A1rios-portugueses-aumenta-em-tempo-de-crise/30147

Portugal tem atualmente 870 habitantes com fortunas superiores a 22 milhões de euros, mais 85 do que os registados no ano passado, segundo dados divulgados no "Relatório de Ultra Riqueza no Mundo 2013", da autoria da Wealth X - empresa que oferece o perfil dos ultra ricos para profissionais das finanças dedicados à gestão de patrimónios privados -,em parceria com o banco suíço UBS.

Estes ultramilionários, que representam 0,009% da população portuguesa, concentram nos seus cofres 74 mil milhões de euros, um valor bastante próximo dos 78 mil milhões que a troika emprestou, em condições usurárias, a Portugal, e que representa um aumento de 7,4 mil milhões de euros face a 2012.

Portugal ocupa o 12º lugar no "ranking" dos ultramilionários entre os países europeus, ultrapassando a Bélgica, Dinamarca, Luxemburgo e Áustria, entre outros. A Alemanha ocupa o primeiro lugar do pódio (17.820), seguida do Reino Unido (10.910), Suíça (6.330), França (4.490) e Itália (2.075).

Tendo em conta a relação percentual entre o número de ultramilionários por milhões de habitantes, e não o número unitário de fortunas, Portugal passa para o nono lugar, à frente de países como Holanda e Finlândia, numa lista que é encabeçada pelo principado do Mónaco, onde 5% da população é ultramilionária.

No que respeita ao aumento do número de ultramilionários, Portugal só é ultrapassado pela Alemanha (13%), a Suíça (13,1%), a Grécia (11,1%), Roménia (12%) e Sérvia (11,1%).

Já no que concerne ao acréscimo do valor das suas fortunas, apenas a Suíça (14,5%), Áustria (16,7%), Grécia (20%), Hungria (12,5%), Republica Checa (16,67%) e Roménia (21,4%) precedem Portugal no ranking.

No continente europeu existem 58.065 multimilionários, mais 8,7% do que em 2012, com uma fortuna de 6,4 biliões de euros, mais 10,4 % face ao ano passado.

A nível mundial, o número de ultramilionários aumentou, entre 2012 e 2013, de 187.380 para 199.235.

http://www.esquerda.net/artigo/n%C3%BAmero-de-ultramilion%C3%A1rios-portugueses-aumenta-em-tempo-de-crise/30147

Isabel dos Santos é a primeira bilionária africana

Expresso.pt - 23 Jan. 2013

http://expresso.sapo.pt/isabel-dos-santos-e-a-primeira-bilionaria-africana=f781663

Aos 40 anos, a filha do presidente angolano torna-se na primeira bilionária de África, segundo a revista Forbes.

A filha mais velha do presidente de Angola, Isabel dos Santos, tornou-se na primeira bilionária africana, de acordo com a revista norte-americana Forbes.

As ações de empresas cotadas em Portugal, caso do BPI e da ZON, juntamente com ativos em Angola, "elevaram o valor líquido [da fortuna de Isabel dos Santos] acima da fasquia de mil milhões de dólares, fazendo da empresária de 40 anos a primeira mulher bilionária africana", segundo a pesquisa da Forbes.

Formada em engenharia no King´s College de Londres, Isabel dos Santos abriu o seu primeiro negócio em 1997 - um restaurante chamado Miami Beach, em Luanda.

A Forbes avalia a participação de 28,8% na ZON em 385 milhões de dólares, os 19,5 por cento do BPI em 465 milhões de dólares e a participação no BIC, de Angola, em 160 milhões de dólares.

Falta de transparência em Angola

Fontes consultadas pela Forbes referem que tem ainda 25% da operadora de telemóveis Unitel, participação que isoladamente vale "no mínimo mil milhões de dólares", de acordo com analistas de telecomunicações.

Peter Lewis, professor da universidade norte-americana Johns Hopkins, afirmou à revista que o círculo presidencial e do MPLA "têm muitos interesses empresariais" e que as origens destes é "muito opaca", havendo "completa falta de transparência" no país.

Uma porta-voz da empresária escusou-se a prestar esclarecimentos sobre as alegadas participações detidas, mas considerou as afirmações de Lewis "especulativas, irrazoáveis e sem valor académico".

Os investimentos de Isabel dos Santos, adiantou, têm sido feitos com máxima transparência, em empresas publicamente cotadas, com base na legislação europeia.

http://expresso.sapo.pt/isabel-dos-santos-e-a-primeira-bilionaria-africana=f781663

Os 100 mais ricos do mundo ficaram 241.000 milhões ainda mais ricos em 2012

Joaquim dos Campos

diario2.com - 7 Jan. 2013

http://diario2.com/os-100-mais-ricos-do-mundo-ficaram-241-000-milhoes-ainda-mais-ricos-em-2012-7492

Números da transferência de riqueza: o valor somado das 100 maiores fortunas ascende a 1.900 biliões.

2012 “foi um grande ano para os bilionários de todo o mundo“, diz John Catsimatidis, o bilionário dono da Red Apple Group Inc., num e-mail para o Los Angeles Times escrito no seu BlackBerry, à beira da piscina, nas Bahamas. E 2013 pode ser ainda melhor para esse reduzidíssimo grupo de 100 pessoas, enquanto para quase 1.000 milhões de europeus e norte-americanos vai ser um ano de empobrecimento forçado.

A transferência da riqueza é um facto: o valor somado das 100 maiores fortunas ascendia, no dia 31 de dezembro, a 1.900 biliões de dólares, segundo o Bloomberg Billionaires Index.

Dos 100 apenas 16 ficaram um pouco menos ricos no ano passado. Os outros 84 ficaram, em conjunto, 241.000 milhões ainda mais ricos.

Dono da Zara foi quem mais ganhou em 2012

E quem foi a figura que mais enriqueceu em 2012? Curiosamente, é um espanhol: Amancio Ortega. Há muito que o dono da Zara não depende, felizmente para ele, das vendas em Espanha, onde a economia está num ciclo de vergonha e 25% da população não pode comprar nem uma camisola na Zara por estar desempregada.

A fortuna de Amancio Ortega, 76 anos, aumentou para os 57.500 milhões, um ganho de 22.000 milhões. Os lucros da Inditex, proprietária da Zara, dispararam 66,7%.

É o novo mundo: os donos do mundo cada vez mais ricos de dia para dia, enquanto os outros lutam para não cair na pobreza. Habituemo-nos…

http://diario2.com/os-100-mais-ricos-do-mundo-ficaram-241-000-milhoes-ainda-mais-ricos-em-2012-7492

Dívida pública dos EUA chega aos 16 biliões de dólares

Apesar da velocidade imparável do crescimento da dívida, que é superior a 100% do PIB, Washington consegue financiar-se a juros de 1,65%, enquanto que Bélgica e Espanha, com dívidas inferiores, são forçadas a aceitar juros muito mais altos.

Antonio Moreno | El Blog Salmón

Esquerda.net - 30 de Agosto, 2012 - 18:26h

http://www.esquerda.net/artigo/d%C3%ADvida-p%C3%BAblica-dos-eua-chega-aos-16-bili%C3%B5es-de-d%C3%B3lares/24423

A dívida pública dos Estados Unidos chegará nos próximos dias à cifra arrepiante e sem precedentes de 16 biliões de dólares, demonstrando que alcançou uma velocidade imparável e ingovernável. Em menos de dez meses passou de 15 a 16 biliões de dólares com uma velocidade média de 3.550 milhões por dia, ou 148 milhões por hora, ou 2,46 milhões de dólares por minuto.

De acordo com o relógio da dívida dos Estados Unidos, estamos a apenas 49 mil milhões de dólares de este novo marco, que vai ser atingido nos próximos dias. Mas como este relógio não está atualizado, pode ser que o umbral seja cruzado este fim de semana. A dívida é imparável e ingovernável porque segue um curso exponencial, fruto da magia do juro composto, que tem um impacto poderosamente destrutivo na economia.

Em plena campanha eleitoral nos Estados Unidos, os republicanos culpam Obama do forte aumento da dívida (superior a 100% do PIB), enquanto os democratas culpam os fortes cortes de impostos da administração Bush. O certo é que tudo isto só tem a ver com o colapso de um sistema que se mostrou insustentável e que mete água por todos os lados. A este ritmo, de acordo com o Zero Hedge, os próximos marcos da dívida dos Estados Unidos podem ser:

– 17 biliões de dólares em 10 de junho de 2013

– 18 biliões de dólares em 23 de março de 2014

– 19 biliões de dólares em 3 de janeiro de 2015

– 20 biliões de dólares em 10 de outubro de 2015

Apesar de a dívida pública não crescer a um ritmo constante, dado que a cada dia se expande o contrai de acordo com as compras e vendas de bónus do Tesouro, a tendência tem sido marcadamente para a venda ou colocação de bónus, dado que a velocidade das compras foi notoriamente inferior. O gráfico mostra como a dívida começou a sua expansão em 1981 com Ronald Reagan, quando era de 909 mil milhões de dólares e começou o seu crescimento exponencial.

No entanto, apesar dos temores que pode despertar nos mercados esta colossal dívida pública, os Estados Unidos continuam a pedir dinheiro emprestado a 10 anos a uma taxa de juros de 1,65%, enquanto a Espanha ou a Bélgica (com rácios de dívida inferiores a 100% do PIB) pagam juros muito mais altos e diferenciados: 2,75% os belgas e 6,55% os espanhóis, em juros para empréstimos a 10 anos.

Isto demonstra o ambiente caótico que vive o sistema financeiro, e que a situação é crítica tanto na Europa quanto nos Estados Unidos, com a ressalva de que os Estados Unidos têm a grande vantagem de ser donos da divisa e que podem refinanciar a sua dívida com os seus sócios comerciais asiáticos através da emissão de bónus. Mesmo que isto não seja mais que geração de mais lucros fictícios para uma banca também fictícia.

30 de agosto de 2012

Tradução de Luis Leiria para o Esquerda.net

http://www.esquerda.net/artigo/d%C3%ADvida-p%C3%BAblica-dos-eua-chega-aos-16-bili%C3%B5es-de-d%C3%B3lares/24423

O homem que controla US$ 3,4 trilhões

Larry Fink, executivo-chefe: "Precisamos continuar construindo a marca BlackRock", para que ela se torne conhecida

Sheelah Kolhatkar e Sree Vidya Bhaktavatsalam

Controversia - 3/03/2011

http://www.controversia.com.br/index.php?act=textos&id=7890

Como presidente do conselho de administração e executivo-chefe da BlackRock, Larry Fink controla mais dinheiro que o PIB da Alemanha. A BlackRock é a maior firma de gerenciamento de ativos do mundo, uma potência de US$ 3,45 trilhões, que é a maior dessas firmas de Wall Street e caminha para pagar US$ 1 bilhão em comissões aos bancos de investimentos este ano. Ela administra US$ 1,4 trilhão para os fundos de pensão dos Estados de Nova York, Nova Jersey e Califórnia, entre outros; investe US$ 240 bilhões em nome de bancos centrais e fundos soberanos como o Abu Dhabi Investment Authority; e, nos mercados de ações e bônus dos Estados Unidos, é responsável por uma parcela enorme dos volumes de negócios registrados todos os dias.

A BlackRock sempre socorre o Departamento do Tesouro dos Estados Unidos quando ele precisa de opiniões sobre o setor financeiro privado e gerenciou pelo menos US$ 150 bilhões em ativos tóxicos em nome dos contribuintes americanos depois dos socorros financeiros ao American International Group (AIG) e o Bear Stearnsem 2008. Administrar a companhia é um esforço de equipe, mas Fink, 58, é o cérebro da BlackRock e, cada vez mais, a BlackRock é o cérebro de Wall Street.

"Não existe nenhum banco, fundo soberano de investimentos ou companhia de seguros tão grande quanto a BlackRock", afirma Ralph Schlosstein, um dos fundadores da companhia que a deixou em 2007 e hoje é executivo-chefe do banco de investimento Evercore Partners. "A BlackRock é hoje uma das instituições financeiras mais influentes do mundo, se não for a mais influente." No Brasil, a BlackRock ainda tem atuação modesta, mas, dos US$ 35 bilhões em ativos sob sua gestão na América Latina, cerca de 60% estão no país. Ela tem também participações no capital de empresas brasileiras, via bolsa.

Diante disso tudo, é surpreendente como poucas pessoas fora de Wall Street estão familiarizadas com Larry Fink e a BlackRock. Fundada em 1988 como uma pequena negociadora de bônus, a BlackRock conseguiu alcançar a onipotência financeira, permanecendo ao mesmo tempo longe das atenções do público, escapando do escárnio e da aclamação frequentemente direcionados para o Goldman Sachs, o principal banco de investimento dos Estados Unidos.

A BlackRock compete com a unidade de gerenciamento de ativos do Goldman Sachs, que é muito menor, mas as duas instituições são fundamentalmente diferentes porque as negociações, e não os investimentos, representam a maior parte dos negócios do Goldman, e o Goldman é conhecido como o lugar onde os executivos ficam podres de ricos.

A BlackRock concentra-se no trabalho menos lucrativo de investir dinheiro para indivíduos e instituições como planos de pensão, fundos de doações e fundações através de fundos mútuos, fundos negociados em bolsas de valores e contas administradas separadamente. Ela ganha a maior parte de seu dinheiro através das antiquadas taxas de administração, em vez de comprar posições por conta própria. Em Wall Street, onde o que é maçante subitamente passou a ser melhor, Fink é o novo rei nerd.

Mesmo assim, há duas coisas que o Goldman tem, ou costumava ter, que Fink e seus cofundadores da BlackRock - Rob Kapito, 53, Susan Wagner, 48, e Charles Hallac, 46 - cobiçam: uma marca de prestígio e um lugar permanente na consciência do público.

Numa tarde de outubro, o reconhecimento está na mente de Fink enquanto ele se prepara para se dirigir aos 8.900 funcionários da firma espalhados pelo mundo, em uma de suas exortações trimestrais. "Boa tarde a todos", diz, segurando uma única folha de papel. "Não estou aqui para dizer a vocês que somos perfeitos. Temos nossos problemas, como todas as empresas têm." Ele fala sobre o desempenho trimestral da BlackRock ("Crescemos 9%"); a recente e ligeiramente problemática integração à companhia da Barclays Global Investors, a administradora de investimentos que a BlackRock comprou por US$ 15,2 bilhões em 2009 ("Está claro para mim que temos uma firma que está mais coesa do que nunca"); e o atual preço da ação ("Acho que o mercado está redondamente errado nos termos com que nossa ação está sendo negociada").

A retórica está longe de exultante, mas Fink irradia confiança. Ele tenta entusiasmar sua plateia com descrições do sucesso da firma e a necessidade de todos os funcionários se esforçarem mais. "Temos uma responsabilidade gigantesca", diz ele. "Nossas atenções não devem ir apenas para os US$ 3,4 trilhões em ativos que estão sendo gerenciados, mas para as pessoas para as quais trabalhamos - talvez elas sejam seus parentes, talvez um professor de escola ou um bombeiro...Estamos conectados com o mundo inteiro no que fazemos."

Finalmente, Fink retorna a um de seus temas favoritos, uma questão que o motiva e o mantém acordado à noite: a subvalorização crônica de sua companhia. "Precisamos continuar construindo a marca BlackRock", diz. "E temos esperança de que algum dia nossas famílias venham a saber o que é a BlackRock."

Depois que a crise financeira virou a estrutura de poder de Wall Street de cabeça para baixo, a BlackRock ofereceu algo valioso - a capacidade de analisar riscos, especialmente os riscos representados pelos bônus, e em particular os riscos dos bônus hipotecários. A companhia vinha coletando dados sobre hipotecas desde 1994, quando o mercado era muito menor do que hoje. Subitamente, a posse de todas essas informações tornou a BlackRock mais importante que seu tamanho. Quando os executivos de bancos e funcionários do governo acordaram para o horror do endividamento resultante das hipotecas tóxicas nos balanços em todas as partes do mundo, a BlackRock era uma das poucas entidades capazes de avaliar realmente o quanto tudo aquilo valia - e podia fazer isso sem apresentar uma ameaça competitiva.

"A experiência teria sido irrelevante sem a confiança", afirma Terrence Keeley, um ex-diretor executivo do UBS, que contratou a BlackRock para analisar uma carteira de US$ 22 bilhões de títulos de dívida que ele posteriormente vendeu para a firma. A companhia ajudou o Departamento do Tesouro dos EUA e o Federal Reserve (Fed) na aquisição bancada pelo governo do Bear Stearnspelo J. P. Morgan Chase, além dos socorros à AIG, Citigroup, Fannie Maee Freddie Mac. A BlackRock também teve sorte, porque as firmas de gerenciamento de ativos mal foram afetadas pelas novas regras pós-crise que estão aterrorizando os conselhos de administração das instituições financeiras.

Embora tenha cometido sua cota de erros antes e depois da crise - incluindo perdas significativas em fundos que aplicam em imóveis e títulos lastreados em hipotecas -, a companhia vem ganhando poder e prestígio desde 2007 e este ano ela deverá lucrar quase US$ 2 bilhões sobre uma receita de US$ 4,7 bilhões. No ano passado, Fink foi um dos executivos-chefes mais bem pagos após os planos de socorro a Wall Street, com uma remuneração de US$ 15,9 milhões segundo dados da Securities and Exchange Commission (SEC), enquanto o executivo-chefe do Goldman Sachs Lloyd Blankfein recebeu US$ 862.657, em comparação a US$ 40,95 milhões em 2008.

A BlackRock ficou tão grande engolindo outras companhias. Em 2004 ela comprou a State Street Research & Management (nenhuma relação com a State Street, uma de suas concorrentes mais próximas) por US$ 375 milhões, daMetLife; dois anos depois ela adquiriu a unidade de investimentos do Merrill Lynch por US$ 9 bilhões, levando seus ativos acima da marca de US$ 1 trilhão. Em fevereiro, enquanto a BlackRock digeria o Barclays, ela enviou documentos à SEC informando participações de mais de 5% em 1.800 companhias, paralisando temporariamente o banco de dados eletrônicos da SEC.

Enquanto amplia seu alcance nos mercados de ações e bônus ao redor do mundo, a companhia quer introduzir sua própria plataforma de negociações, que ajudaria a BlackRock a casar ordens de compra e venda, economizando dinheiro para os clientes, reduzindo sua dependência das corretoras de Wall Street e reduzindo as comissões que envia para elas todos os anos. A BlackRock também iniciou uma unidade de mercados de capital para ajudar seus clientes a investir diretamente nas ofertas de dívida corporativa.

http://www.controversia.com.br/index.php?act=textos&id=7890

Dono da Zara recebe 440 milhões em dividendos

economico.sapo.pt - 18/03/10

http://economico.sapo.pt/noticias/dono-da-zara-recebe-440-milhoes-em-dividendos_84521.html

Amancio Ortega, um dos dez homens mais ricos do mundo, conseguiu que a sua empresa apresentasse lucros de 1,3 mil milhões em 2009.

Os dias correm de feição para o dono da Zara. Amancio Ortega é o nono homem mais rico do mundo, segundo a revista Forbes, e a sua fortuna parece não pára de crescer.

A empresa fundada por Ortega, a Inditex, apresentou ontem um crescimento de 5% nos lucros, batendo as estimativas do mercado.

A empresa lucrou 1,3 mil milhões de euros, o que permitiu um aumento de 14% nos dividendos pagos aos accionistas. Só Ortega, que detém 59,3% do capital, irá receber 443 milhões de euros em dividendos.

Para além disso, os bons resultados permitiram à empresa engrossar o seu valor de mercado em 2,68 mil milhões de euros desde o início do ano, ao apreciar 11,20% em bolsa. Esta performance permitiu a Ortega ganhar mais de 1,5 mil milhões de euros apenas na sua participação na Inditex.

Aos preços de hoje, a posição do homem mais rico de Espanha na dona da Zara vale qualquer coisa como 17,7 mil milhões de euros. A Forbes avaliava a fortuna de Ortega em 25 mil milhões de dólares (18,29 mil milhões de euros).

http://economico.sapo.pt/noticias/dono-da-zara-recebe-440-milhoes-em-dividendos_84521.html

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